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A importância do brincar

Do ponto de vista conceitual, educativo e psicológico, a atividade lúdica, o brincar, é compreendido como recurso de construção da identidade de cada ser humano, de autoconhecimento e como elemento potencializador do trabalho educativo.

Percebi que pensar a importância do brincar nos remete às mais diversas abordagens existentes, tais como a cultural, que analisa o jogo como expressão da cultura, especificamente a infantil; a educacional que analisa a contribuição do jogo para a educação, desenvolvimento e/ou aprendizagem da criança e a psicológica que vê o jogo como uma forma de compreender melhor o funcionamento da psique, ou seja, das emoções, da personalidade dos indivíduos.

Escrever este artigo me proporcionou a oportunidade de perceber e repensar o “brincar” e suas implicações culturais, psicológicas e sociais no processo de desenvolvimento do indivíduo, bem como, a levantar um questionamento pelo qual me guiarei no decorrer deste texto: e afinal, por que é tão importante brincar?

Para a criança, o brincar é a coisa mais séria do mundo, tão necessária para o seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso. É o meio que a criança tem de travar conhecimento com o mundo e adaptar-se ao que a rodeia.

As brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida do ser – desde os mais funcionais até os de regras, mais elaborados – são os elementos que lhes proporcionarão as experiências, possibilitando a conquista da sua identidade.

Estas mesmas atividades, possibilitam que as crianças ultrapassem sentimentos e fatos, combinando-os entre si, reelaborando-os criativamente e edificando novas possibilidades de interpretação e de representação do real, de acordo com suas afeições, suas necessidades, seus desejos e suas paixões. De acordo com Piaget (1994), teórico conceituado sobre o desenvolvimento infantil “essas formas de jogo, que consistem, pois, em liquidar uma situação desagradável revivendo-a ficticiamente, mostram, com particular clareza, a função do jogo simbólico, que é a de assimilar o real ao eu”.

As situações de brincadeiras possibilitam, também às crianças, o encontro com seus pares, fazendo com que interajam socialmente, quer seja no espaço escolar ou não. No grupo descobrem que não são os únicos sujeitos da ação, e que para alcançar seus objetivos precisam levar em conta o fato de que outros também tem objetivos próprios que querem satisfazer. Os jogos infantis, no dizer de Piaget (1994), constituem-se “admiráveis instituições sociais” e através deles as crianças vão desenvolvendo a noção de autonomia e de reciprocidade, de ordem e de ritmo.

Ao ponderar, extensivamente, sobre o tipo de jogo que querem utilizar, as condições do ambiente para que aconteça, bem como as regras que devem ser aplicadas, as crianças desenvolvem sua capacidade de raciocinar, de julgar (isto ao verificar o que é e o que não é apropriado ao momento), de argumentar, de como chegar a um consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade em si.

Permitir à criança espaço para brincar, proporcionando-lhe interações que vêm, realmente, ao encontro do que ela é, aliado às nossas tentativas no sentido de compreendê-la, efetivamente, nestas atividades, é dar-lhes mostras de “respeito”. Assim, fica-nos evidente a importância do brincar no âmbito escolar. As técnicas ludopedagógicas auxiliam os pedagogos, psicólogos e professores a desenvolver melhor a potencialidade da criança, possibilitando o seu envolvimento na sociedade e no seu aprendizado, isto é, seu desenvolvimento físico, mental e social.

Publicado em  RedePsi

Sobre Patrícia Ignácio Barreto

e-mail CRP 06/73625 Psicóloga formada pela UniFMU. Especialista em Psicologia Clínica pelo Hospital do Servidor Publico Estadual. Especialista em Dependência Química pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Atendimentos no consultório em psicoterapia a crianças, adolescentes e adultos, avaliação psicológica e orientação a pais.