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Afinal, o que é psicoterapia?

“Eu não sou louco” ou “eu não vou pagar para que alguém fique me escutando” são alguns dos pré-conceitos ou das diversas desculpas utilizadas pelas pessoas que resistem a iniciar um processo psicoterápico. A ideia deste texto, é desmistificarmos essas crenças e dessa forma, podermos entender enfim, o que é essa tal de psicoterapia. Vale ressaltar, que trataremos aqui especificamente da psicoterapia a adultos.

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A meta básica é tornar consciente o inconsciente, buscando a reconstrução da estrutura da personalidade, a reflexão sobre os conflitos básicos e os de seus derivados, através da verbalização, repetição, elaboração e ressignificação das vivências do indivíduo, almejando um bem-estar e alívio dos sintomas.

Na psicoterapia os objetivos limitam-se de acordo com a necessidade do indivíduo. Estas podem estar voltadas para solução dos problemas atuais do paciente, para que este possa enfrentá-los de maneira adequada e recuperar sua capacidade de autodesenvolvimento e/ou para conhecer, nomear e aprender a lidar com seus sentimentos e emoções, principalmente àqueles despertados pela realidade vivenciada da pessoa, o que chamamos no senso comum de autoconhecimento.

Uma psicoterapia em seu enquadramento, ocorre normalmente com uma sessão semanal, em média de 50 minutos por sessão e sua duração pode acontecer por tempo indeterminado. Isso será acordado entre paciente e psicólogo, em função da demanda e evolução da psicoterapia e por consequência, do paciente.

Antes do início propriamente dito da psicoterapia, faz-se necessário a realização de entrevistas preliminares, isto é, uma “conversa” inicial, onde além de observar-se o estabelecimento da relação terapêutica (empatia – de ambos os lados), o psicólogo deverá colher a história clínica do paciente, bem como, a demanda que lhe traz àquela consulta.

Dessa forma, é possível compreender melhor as queixas e sintomas atuais do indivíduo em detrimento a sua história de vida e a sua motivação para a mudança, compreensão e transformação, dentro do que lhe é possível naquele momento. São nestas primeiras entrevistas, que são levantadas hipóteses diagnósticas para que se possa acordar, junto ao paciente, o objetivo e planejamento do tratamento.

Iniciada a psicoterapia, tem-se por objeto de trabalho, os conflitos que serão abordados e a organização das condições temporais do acompanhamento. Isto significa que não há tempo pré-definido, como já foi dito (exceto na abordagem da psicoterapia breve, técnica especifica dentro da Psicologia). Tudo dependerá da subjetividade de cada paciente. No entanto, isso não impede a construção de uma previsão possível do rumo e das características que podem tomar o processo terapêutico em seus aspectos mais gerais.

O tratamento considera em primeiro lugar a relação paciente-psicólogo, o vínculo que se estabelece entre ambos é determinate para um bom prognóstico. Portanto, é de extrema importância que o paciente se sinta confortável no seu espaço terapêutico. Afinal, ele estará falando sobre si, sobre as suas emoções, suas relações e vivências. E para isso, confiança e empatia são fundamentais.

O papel do psicólogo é de servir como um espelho para que o indivíduo se perceba. Neste sentido, não cabe ao profissional julgar, criticar, aconselhar, muito menos definir o que é certo ou errado para o seu paciente. Além disso, ao verbalizar, o paciente estará se ouvindo e isto é extremamente necessário para a elaboração, ressignificação, desenvolvimento e utilização de recursos, capacidades e habilidades internas para lidar com os seus sentimentos, experiências e principalmente, para a aprendizagem sobre si mesmo.

Quanto às interpretações do psicólogo, estas devem ser dirigidas ao esclarecimento da conflitiva focal, mantendo a neutralidade. O psicólogo não é detentor do saber absoluto, muito menos de “fórmulas mágicas”, as quais sabemos que não existem.

O papel do profissional deverá estar relacionado a uma atenção seletiva, conservando mentalmente o foco, ligando o material trazido pelo paciente a problemática focal, conduzindo o sujeito ao trabalho interpretativo e elaborativo.

Portanto, a psicoterapia não é coisa de “loucos” como infelizmente ainda ouvimos no senso comum. É sim, um espaço de reflexão e autoconhecimento, proporcionando novas experiências de vida que exerçam uma influência saudável na vida do indivíduo. Busca-se essencialmente, a reorganização das emoções geradores de sofrimento que interferem no bem-estar do paciente e o impedem de criar possibilidades de realização pessoal.

Todo e qualquer ser humano é passível de sentir-se fragilizado emocionalmente frente as situações vivenciadas em seu dia-a-dia. Quebre os pré-conceitos (os seus ou os de outros) e busque ajuda!

Bibliografia:
Braier, Eduardo Alberto; Psicoterapia breve de orientação psicanalítica; 3ªed.; São Paulo; Martins Fontes; 1997.

Sobre Patrícia Ignácio Barreto

e-mail CRP 06/73625 Psicóloga formada pela UniFMU. Especialista em Psicologia Clínica pelo Hospital do Servidor Publico Estadual. Especialista em Dependência Química pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. Atendimentos no consultório em psicoterapia a crianças, adolescentes e adultos, avaliação psicológica e orientação a pais.