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Bullying e as brincadeiras

Hoje, não só nas escolas, muito se fala sobre bullying. De fato, houve uma conscientização maior sobre essa forma de violência. Mas o que é o bullying, afinal? A palavra de origem inglesa não tem uma tradução especifica para a língua portuguesa. “Bully” é o valentão, aquele que provoca a todos na escola. Bullying tornou-se o termo para designar a prática de ações cruéis, intencionais, repetidas, física e/ou verbalmente contra alguém de faixa etária semelhante, em geral , no ambiente escolar.

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Às vezes o que começou como brincadeira, vai aos poucos ganhando nuances desagradáveis para um dos participantes. Espera-se que quando alertados sobre o mal –estar gerado pela brincadeira, todos parem e o assunto seja esquecido. Porém, quando a brincadeira persiste apesar do claro sofrimento imposto ao outro, isso sim , é bullying. Por mais que o alvo desta prática tente, não consegue sozinho resolver a questão. Isso acontece, não somente por uma incapacidade da vítima em se defender, mas porque o ato de violência contínuo e planejado não permite espaço para a defesa.

Deveria ser fácil perceber quando o que está acontecendo não é só uma brincadeira. No entanto, as práticas com tendências cruéis dificilmente acontecerão diante dos adultos. Desta forma, é imprescindível a atenção. Uma criança que de um momento para o outro fica mais reservada, triste, irritada, chega em casa com material estragado ou perdido e tem dificuldades para explicar o que aconteceu… Certamente merece uma atenção especial. É preciso ouvir a criança e manter um bom conhecimento sobre seu comportamento na escola. Toda mudança de comportamento merece um olhar cuidadoso.

Deve-se observar que em uma brincadeira, todos estão se divertindo, ninguém fica ofendido, magoado ou com medo. Na prática do bullying, entretanto, sempre há alguém que para se sentir bem precisa fazer o outro sofrer . Se o colega está sofrendo é porque a brincadeira acabou e o bullying passou a permear a relação.

Outro aspecto a ser compreendido é que Bullying acontece sempre entre pares. Não é a idade que define bullying, mas se pertencem a um mesmo grupo . Muitas vezes, ouço adultos dizendo que o professor do filho está praticando bullying em sala de aula. Professor pode ser vítima ou agressor, desde que diante de outro professor (ou seja, entre pares). Chamamos de assédio moral a agressão de um professor a um aluno. Agressões de alunos a professores também não são bullying, mas podem ser classificadas de acordo com a forma: difamação, injúria etc. Importante salientar que toda forma de violência é inaceitável e deve sempre ser prevenida.

Atualmente, um tipo de bullying acontece no meio virtual, nas páginas de relacionamentos, por celular ou email. Este é o cyberbullying e sem dúvida, é mais difícil de combater, pois seu alcance é maior e mais rápido. Nesse caso, deve-se evitar expor dados pessoais e sempre manter sua senha protegida. A ilusão de segurança e privacidade pode ser um facilitador para o agressor ou agressores que imaginam não existir possibilidade de serem descobertos. É recomendável orientar bem os filhos, pois cyberbullying é crime. Em algumas cidades, há uma delegacia especializada em crimes cibernéticos, onde se pode levar o material impresso (conversas e fotos postadas) e se não houver este tipo de delegacia em sua cidade, é possível fazer a queixa na delegacia ou na promotoria da infância e juventude.

Embora muitas vezes o agressor não tenha a dimensão de seus atos, sabe-se que a vítima pode inclusive, desenvolver desejos de vingança e ideações suicidas.

De acordo com uma pesquisa do CEMEOBS – Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar, 49% dos estudantes brasileiros estão de alguma forma, envolvidos em bullying ( pesquisa de 2007).

Entender que vítima e agressor precisam de ajuda e desenvolver um trabalho de conscientização entre os alunos, com atividades diversificadas, permite a prevenção da prática que não deve ser, em hipótese alguma, aceita como algo que faz parte da convivência humana. Bullying é uma forma de violência e como tal, jamais deverá ser ignorada ou aceita.

Fontes :
www.safernet.org.br
www.bullying.pro.br
Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Cléo Fante. Verus, 2005.

Sobre Eliane Cardoso

e-mail CRP 06/75282 Psicóloga formada pela UniFMU, na área clínica. Realiza atendimentos a crianças, adolescentes, adultos e casais. Especialista em Orientação Vocacional/ Profissional. Atua em orientação a pais e familiares. Professora especialista em alfabetização com mais de 20 anos de experiência. Palestrante sobre temas como: “Comunicação entre pais e filhos”, “Sexualidade”, “Casamento e comunicação” e “Bullying”.