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Depressão pós-parto

E chega a hora. Depois de esperar por meses que pareceram não passar e de sentir que ficou bem perto de explodir por causa do tamanho da barriga. A mamãe vai para casa, levando em seus braços o bebê. Muitas visitas e poucas horas de sono depois, ela começa a perceber que não está tão feliz quanto imaginou que ficaria. Crises de choro, medo inexplicável e uma sensação de não ser capaz de cuidar daquele “pacotinho de gente”, além do fato de não conseguir se reconhecer mais, sentir-se feia, pouco feminina ou sensual. Sim, estas são situações que podem acontecer, afinal a depressão pós-parto tende a causar muitas tristezas e desconforto nas famílias, nos bebês e especialmente na própria mãe.

Em um período de mais ou menos dez dias, a mãe pode experimentar a Melancolia da maternidade ou “Baby blues”, sentimentos relacionados à maternidade e a si mesma de forma confusa, com tristeza e irritação, mas tais sintomas além de não serem tão intensos, tendem a passar de forma espontânea. No entanto, cabe ressaltar a importância da observação e de conversar com o médico, a fim de uma avaliação adequada.

De acordo com um estudo da pesquisadora Mariza Theme (Ensp/Fiocruz), de 2011/2012, mais de 25% das mulheres são acometidas por depressão pós-parto, com menor ou maior gravidade.

Nesta hora, o “conto de fadas”, aquele sonho encantado que todo o mundo diz existir quando um bebê vem ao mundo, se desfaz. Uma mulher confusa e desesperada surge e, às vezes, tentando caber no modelo de mãe perfeita e amorosa, sente que tal modelo é cada vez mais impossível de alcançar.

A alegria tão esperada pode dar lugar a sentimentos assustadores, tristes e de desvalorização. Alterações hormonais que nesse período são muito bruscas, contribuem para a confusão que o corpo e a mente fazem, tentando uma adaptação à nova realidade. Apatia, fisionomia muito séria, descontente, desprezo pelas necessidades da criança, irritação sem motivo aparente, descaso com a higiene pessoal, olhos fixos num ponto, agressividade voltada para o pai da criança, demonstrações exageradas de afeto em relação ao bebê, recusa de ajuda, muitas vezes mandando as pessoas embora, são sintomas que devem ser levados a sério. É importante prestar atenção, e se, as situações citadas ficarem muito intensas e contínuas, provavelmente, a mamãe está com depressão pós-parto.

A depressão pós–parto é, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças um problemas relacionados à saúde, sob o código F53.0,. Encontra-se inclusa no Transtorno Mental e Comportamental Associado ao Puerpério e não classificado em outro local.

O período de maior incidência está em torno dos primeiros dias do pós-parto, mas é possível ocorrer até os dezoito meses depois do nascimento do bebê.

Portanto, se no decorrer do primeiro ano de vida do bebê, a mulher sentir que está difícil lidar com a rotina de ser mãe, a ponto de desenvolver sintomas emocionais e até mesmo físicos, será necessário receber ajuda. E lembre-se: a depressão pós-parto é uma condição em que há uma combinação de fatores hormonais, do estresse provocado pela nova experiência e de expectativas elevadas. Nenhuma mãe tem culpa por seus sentimentos contraditórios.

Nestes casos é melhor buscar ajuda profissional, o quanto antes. Procurar o ginecologista e contar o que sente, permite que o tratamento se inicie o mais rápido possível, contribuindo para um melhor prognóstico.

Atualmente, compreende-se que sintomas de Depressão pós – parto também podem ser observados no pai. A consciência da responsabilidade que significa criar um filho, a mudança na rotina e na própria existência e as incertezas sobre sua capacidade são possíveis causas para o surgimento de sintomas no homem. Nesse caso o acompanhamento psicoterapêutico é indicado.

Pode ser complicado falar sobre o quanto está insuportável ficar com o bebê (isso pode acontecer, apesar de parecer estranho). Em geral, a família apresenta dificuldades em compreender tristeza e medos em um momento que julgam, deveria ser de felicidade. Ainda assim, conversar com os familiares sobre seus sentimentos, buscar ajuda de seu médico e de um psicólogo são as melhores formas de enfrentar a depressão pós-parto e superá-la sem maiores problemas.

Em contexto terapêutico, é comum percebermos uma tendência nas mulheres que sofrem com depressão pós-parto, a revelarem insatisfação por terem de assumir a maternidade, sem antes terem realizado seus sonhos pessoais, o que em alguns casos, demonstra que a depressão acaba por ser desencadeada em função de uma perturbação que já existia e que na gravidez toma grande proporção, devido à alteração hormonal.

Dessa forma, mãe, pai, a família e os amigos mais próximos, precisam permanecer atentos aos sintomas que podem surgir e, caso eles apareçam, procurar o quanto antes, ajuda médica e psicológica.

Psicólogas Eliane Cardoso e Obririci Santos

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